Collective Collection: março 2009

sábado, 21 de março de 2009

The Sensational Alex Harvey Band

Hospedagem e Texto: Guilherme "Yerblues"
Hospedagem e Montagem: Ser da Noite

Track list nos comentários.

"Good evening boys and girls… I would like to take this opportunity to introduce you to the Band.... De 1972 a 1977 esta foi a intro que anunciava para os afortunados que presenciavam os shows da Sensacional Banda que eles estavam prestes a ter duas horas do mais puro vaudevillian-hard-bluesy-rock & roll já feito no velho mundo... acima de tudo, anunciava para aquelas abonadas audiências que, naquelas duas horas, eles estariam “nas mãos” de um dos melhores entertainers da história do rock, o porralouquissímo, o disciplinador, o pândego, o anarquista, e, acima de tudo, o genial Alex Harvey. Um escocês que cresceu “comendo” Jelly Roll Morton, Irving Berlin, Eddie Cochran, Louis Prima, Elvis, Hank Williams, Muddy Waters, Little Richards, Chuck Berry e Gene Vincent no café-da-manhã, almoço, jantar e intervalos (eita, lá vem essas licenças poéticas de merda do Yerblues de novo!) e que, aos 37 anos de idade, não tinha mais a menor ilusão de se tornar um teen idol, se é que algum dia isso passou pela mente do ensandecido... É, maluco sim, mas que ninguém pense que o sujeito não era obstinado... Alex já vinha trilhando a tortuosa estrada do Rock & Roll desde 1958, quando formou a original Alex Harvey Band, que se trasmutou em Alex Harvey And The New Saints e, finalmente, em Alex Harvey Soul Band... mas nada aconteceu pro escocês nos ‘50s e ‘60s, a não ser um puta aprendizado de showbiz... grana e sucesso que é bom, passaram léguas de Alex e sua trupe de fake soulsters... Aí, no fim dos ‘60s, o cara tentou se reinventar nos palcos, fazendo parte da banda que dava suporte à primeira encenação de Hair, em Londres... mas essa curta carreira cenográfica de Alex, exceto o aprendizado, deu novo chabu... Tá pra aparecer na história do rock um sujeito que tenha se mantido fiel ao seu credo por 14 anos e foi chegar ao top ten apenas aos 40 anos de idade (com Delilah, em 1975)... Mas a virada dos anos 70 prometia... Alex tinha um irmão, Leslie, bom guitarrista que formou, eventualmente a banda Stones The Crows, com a foderosa Maggie Bell nos vocais... Os Stones The Crows chegaram-se pros lados de Peter Grant, dono do Led Zeppelin e do selo Swan Song, que os colocou sob suas asas... e a grande roda de contatos e boca-a-boca começou a girar... nessa altura do campeonato, todos já conheciam Alex e o seu potencial.. (o cara já era lendário antes de se tornar Sensational...)
Alex tinha estórias que ninguém sabia se eram verdades, meias-verdades ou mentiras inteiras... mas nem interessava isso, porque o sujeito era uma pândega... uma dessas estórias que contava frequentemente dizia que ele estava em turnê pela Suécia, quando foi confundido com um dos caras integrantes do Baader-Meinhoff, grupo terrorista alemão que vinha tocando horrores na Europa naqueles fins de ‘60s... detido, ele teria sido delicadamente instado a tirar a roupa e colocar a cara na parece, para minutos depois sentir os dedos do policial procurando “artifícios em orifícios”... ao que supostamente Alex teria dito, “Sr. Policial, o senhor é tão grande e forte...” huahuahuahua... referências a esta lenda pipocaram depois nas performances hilárias de Framed)...
Voltando ao time-line, o problema é que Alex ainda não tinha descoberto uma galera pra se acompanhar naqueles tempos de hard-glam-rock-gods... mas isso não tardaria a se resolver... Alex estava num daqueles pubs enchendo a cara e afogando as mágoas pela perda prematura do irmão Leslie (eletrocutado no palco, num ensaio da Stones The Crows), quando recebeu de seu chapa escocês Bill Fehilly - que se tornaria empresário da Banda, posteriormente - uma dica sobre uns caras que faziam uma sonzeira muito doida na sua terra natal, especialmente o guitarrista e o tecladista, que misturavam Jeff Beck, Frank Zappa e Jimi Hendrix, adicionando alguns quilos de testosterona e muitos miligramas de piração... Os caras se apelidavam Tear Gas, o guitarrista era um tal de Zal Cleminson e o tecladista era Hugh McKenna.... quando ouviu o som e sentiu as influências do Tear Gas, Alex sentiu que, além de eles serem “os caras” pra se ter ao lado num palco, eram também os músicos que ele precisava pra gravar os discos anárquicos que ele tinha em mente... os deuses do rock finalmente tinham decidido dar um tempo para Alex mostrar a que veio, não seria muito, “apenas” o suficiente pro cara deixar sua marca gravada em acetato, mentes, corações e na história do rock dos anos 70... Alex aproveitaria cada minuto desses poucos anos de rockstar, gravando e fazendo shows numa rotina no mínimo maníaca. Esse é o portfólio que você começam a desfrutar agora no Collective Collection (e eu digo, não deixem pra depois, porra!) Então, terminando como começou: “I’d like to introduce you to the Band... The Sensational… Alex… Harvey… BAND……” Yerblues

Line-up:
Alex Harvey - guitar, vocals
Zal Cleminson - guitar, vocals
Chris Glen - bass
Ted McKenna - drums
Hugh McKenna - keyboards (1972-77)
Tommy Eyre - keyboards (1977)

Discografia: